O excesso de peso que às vezes acomete quem tem SOP tem tido estudo com afinco e especialistas investem em pesquisas para desvendar o que está por trás da relação entre os dois distúrbios.Uma das hipóteses é da resistência à insulina,quando esse hormônio não consegue botar o acúcar dentro das células.
Essa resistência é conhecida como uma causa do diabete tipo 2,e nas mulheres a disfunção pode explicar a síndrome do ovário policístico.
"Durante a puberdade, o organismo passa a secretar mais hormônio do crescimento. E ele é um antagônico da insulina, criando uma reação de resistência", explica Ricardo Meirelles, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Esse fenômeno costuma durar até o fim da puberdade, mas nem sempre é assim.
Por razões não esclarecidas,algumas mulheres adultas continuam com a resistência à insulina ,e a glândula não resiste à ação do hormônio,e todo excedente entra sem dificuldades no ovário e desregula o seu funcionamento.Essa combinação explosiva ajuda a explicar a relação entre SOP e hipertensão arterial.
Pesquisadores da Unidade de Endocrinologia Ginecológica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, investigam pela primeira vez um dos genes da aromatase, a enzima que transforma os andrógenos — hormônios masculinos que também existem no corpo da mulher — em estrógenos, que, entre outras funções, controlam o ciclo menstrual. A pesquisa revela que nas portadoras da SOP com pressão alta o tal gene é muito mais ativo. Parece complexo, mas essa pode ser a chave para entender esse elo surpreendente.
Tratamento
Mesmo que a refém da síndrome não seja hipertensa, é importante ficar de olho. Não basta se submeter ao ultrassom, que é utilizado pelos ginecologistas para monitorar o desenvolvimento dos cistos. "É preciso também fazer exames clínicos periodicamente com outros especialistas, como o cardiologista", recomenda Priscilla Cukier, endocrinologista do Hospital Santa Catarina, em São Paulo. Nessa lista, entram testes para avaliar os níveis de glicose e colesterol no sangue. "Nas adolescentes, usamos medidas preventivas, como alimentação equilibrada e exercícios físicos. Para as adultas, indicamos remédios que controlam a ação da insulina", explica César Eduardo Fernandes. Assim, a pressão e os ovários entram nos eixos.
Hormônios versus pressão
Por trás da síndrome do ovário policístico, muitas vezes está a resistência à insulina. Por causa dela, os níveis de glicose vão às alturas e até os próprios ovários são prejudicados.
1) A formação da resistina
Em quem apresenta a resistência à insulina, os adipócitos, as células de gordura, fabricam espontaneamente uma substância chamada resistina, que gruda ao redor de outras células, impedindo a entrada da insulina. Quanto mais tecido adiposo, mais resistina é produzida.
2) O que acontece com a glicose
A insulina é produzida normalmente pelo pâncreas. No entanto, devido à barreira criada pela resistina, esse hormônio não consegue botar a glicose para dentro das células. Daí, o açúcar passa a se acumular na corrente sanguínea.
3) Pâncreas a mil
Diante de tamanha enxurrada de açúcar no sangue, o pâncreas entende que não está dando conta do recado. Por isso, começa a secretar doses cavalares de insulina. E o excesso de glicose que fica dando sopa na circulação vai parar no tecido adiposo.
4) Unsulina no ovário
Diferentemente dos demais tecidos, no ovário a insulina entra sem resistência. Como o pâncreas aumentou sua fabricação, uma alta dosagem do hormônio adentra a glândula.
5) crise hormonal
O excesso de insulina deixa o ovário alterado. Ele passa a produzir mais andrógenos, hormônios masculinos, do que estrógenos, hormônios femininos.
6)Cistos
A falta de estrógeno é um problema. Como o ovário continua recebendo FSH e LH — dois hormônios que estimulam a liberação do óvulo —, surgem os cistos porque não há hormônio feminino suficiente para regular o processo.
7) Aumento de gordura
Já a glicose em demasia financia a expansão do tecido adiposo. Ele, por sua vez, libera substâncias inflamatórias nas artérias, como o fator de necrose tumoral, o TNF-alfa.
8) Inflamação nas artérias
A insulina que sobrou no sangue entra em conflito com a tal TNF-alfa. Começa, então, um processo inflamatório que derruba os níveis de óxido nítrico, molécula responsável pela elasticidade arterial.
9) Aumenta a pressão
Menos elástica, a artéria enrijece e, para completar, o acúmulo de glicose forma uma placa de gordura. Aos poucos, há cada vez menos espaço para o sangue passar. Ele empurra as paredes dos vasos com força: sobe a pressão.
Os sintomas
A menstruação é uma das grandes delatoras da SOP: ela não acontece ou fica bem desregulada. Além disso, os problemas causados pelo excesso de andrógenos, como acne, pele muito oleosa, pelos faciais e calvície, denunciam a síndrome. Outro fator é o ganho acelerado de peso.
Outros males da SOP
O mais sério deles é a infertilidade: 75% das portadoras da SOP não conseguem engravidar sem tratamento. Isso por causa da dificuldade do corpo de produzir estrógenos. A resistência à insulina também favorece o aparecimento do diabete tipo 2 e de problemas cardiovasculares como o derrame. Sem contar a obesidade.
Fonte:Revista Saúde.
Cuide-se!
Bronye
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