O que é?
Vinte milhões de brasileiros sofrem com
aquela queimação no tórax que delata o problema, embora muitos não
desconfiem do motivo nem o levem tão a sério. Mas saiba que consertá-lo é
o caminho para apagar a azia e evitar que o incêndio culmine em doenças
como o câncer.
A doença, negligenciada por muita gente,
parece estar em franca ascensão. Isso porque anda de braços dados com
maus hábitos que, infelizmente, permanecem em voga: a dieta gordurosa, o
sedentarismo e o resultado dessa combinação, a obesidade. Antes que um
hipocondríaco se atreva a se autodiagnosticar, vale esclarecer que, se o
fogaréu capaz de escalar abdômen acima ocorre somente de vez em quando,
sobretudo depois daquela feijoada, trata-se de algo natural. "Todos nós
temos esse refluxo ocasional", tranquiliza o gastroenterologista
Cláudio Bresciani, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, na capital paulista.
O problema nasce quando essa tortura é
recorrente e não depende só dos exageros à mesa. "Se acontecer mais de
uma vez por semana, há uma suspeita da doença", esclarece Nasi, que
também atua no Hospital das Clínicas de São Paulo. Tudo acontece porque o
esfíncter, uma válvula que fica na divisa entre o esôfago e o estômago,
relaxa demais em momentos inoportunos. "Sua função é impedir a volta da
comida", diz Bresciani. Ao perder a pressão, porém, ele deixa de
funcionar direito e permite que o conteúdo gástrico retorne,
contrariando a lei da gravidade.
Há casos, porém, que exigem cirurgia para
fazer uma reforma entre o esôfago e o estômago, recobrando a pressão da
válvula e, se preciso, corrigindo uma hérnia de hiato. Tudo isso é
feito por laparoscopia, ou seja, demanda pequenos cortes para ser
executada. No campo da pesquisa, há quem fale em procedimentos por
endoscopia, em que não existiram nem sequer furos. "Mas até o momento os
resultados não são tão bons", comenta Bresciani. Na seara dos remédios,
não cessa a busca por fórmulas mais eficazes. "Existem estudos com
drogas que agem diretamente no esfíncter", conta Nasi. Mas, se somarmos
um estilo de vida saudável aos recursos já disponíveis, não é nenhuma
missão impossível botar ordem nesse trânsito caótico e abrasador.
Conheça quem está mais sujeito ao refluxo:
Obesos
Eis
mais um transtorno a ser incluído na lista de problemas comuns a quem
está acima do peso. O excesso de gordura acarreta um aumento da pressão
dentro do abdômen, contribuindo para que o conteúdo gástrico escoe em
direção ao esôfago. Daí, é refluxo na certa.
Grávidas
A
exemplo dos gordinhos, mulheres que carregam uma criança dentro do
ventre têm de suportar uma maior pressão intra-abdominal. Isso facilita a
expulsão do conteúdo gástrico no sentido contrário, atrapalhando o
trabalho do esfíncter.
Bebês
Neles, o retorno
da comida é fruto da imaturidade do esfíncter. "Metade dos pequenos
regurgita até os 6 meses, o que é normal", diz a pediatra Tania
Quintella, da Sociedade de Pediatria de São Paulo. "Só cogitamos a
presença de uma doença se houver outro sintoma, como tosse, chiado no
peito e baixo ganho de peso."
Cuide-se!
Bronye
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